Quem efetivamente somos? Somos o que somos, o que pensamos
que somos, somos os que os outros pensam que somos e somos ainda o que
projetamos ser. Isto é o que acontece tanto no âmbito pessoal como no âmbito
institucional. Nossa escola é uma
instituição inserida numa comunidade com algumas peculiaridades. O que é nossa
escola? O que pensamos que nossa escola seja? O que os outros pensam que nossa
escola é? O que queremos que nossa escola seja? As respostas a estas perguntas
são fundamentais para que possamos alinhar objetivos comuns que possam ser
atingidos por todos. Nesta linha de raciocínio, nesta semana a gestão fez uma
proposta de reflexão em Atpc sobre duas situações ilustradas nos gráficos de
desempenho dos alunos no primeiro bimestre: uma situação diz respeito ao alto
índice de evasão escolar tanto nos sextos anos (tarde) como nas primeiras
séries (manhã) e outra situação que envolve o baixo rendimento escolar dos
alunos da primeira série do período da manhã. Diferentemente dos demais anos e
séries em que a maior parte dos alunos já eram no ano anterior de nossa escola,
estas turmas (sextos e primeiras) são formadas por alunos em sua maioria
oriundos de outras escolas. A “perda” de quase três sextos e mais de 5
primeiros no primeiro bimestre preocupa e por isso a gestão faz questão de
dividir esta preocupação e ouvir o corpo docente para identificar causas e
projetar possíveis ações para evitar que a repetição futura desta “baixa” de
alunos, que certamente repercutirá na formação das turmas do próximo ano letivo.
Dentre as causas e sugestões registradas no nosso blog que
foram apontadas pelos professores em atpc tivemos:
a)
“no início do 6º ano, fazer reuniões
orientativas aos pais, apresentação dos professores, dos funcionários,
inclusive da gestão pode aproximar a família da escola evitando a evasão. Essa
reunião teria como objetivo também, explicar aos pais as normas e regras da
escola, o sistema de aulas, o número de professores, para que os estudantes
entendam as mudanças relativas ao ciclo”.
Em relação a este item sugerido pelos
professores devemos lembrar que estas reuniões no início do ano letivo nos
sextos anos já são feitas há alguns anos. Isto ocorre logo no início do ano
letivo por ocasião da entrega dos kits escolares. A gestão estará receptiva a
mais sugestões do corpo docente de como melhorar este acolhimento. Este pode
ser um assunto a ser tratado na reunião com os professores no início do ano.
b)
“A escola poderia promover no ato da
solicitação de transferência, uma pequena enquete para entender o porquê do
estudante estar solicitando a mudança de escola, haja vista sabermos que muitos
alunos pedem a transferência pois estão mudando de bairro, cidade, estado.”
É preciso lembrar que o sistema unificado
da SED (Secretaria Escolar Digital), faz com que o aluno seja transferido sem a
anuência da gestão ou da secretaria da escola. Muitas vezes o professor fica
sabendo que o aluno foi transferido antes da gestão. Uma vez feita a intenção
de transferência pelo aluno ou responsável, assim que sai a vaga o sistema o
transfere automaticamente. Esta intenção de transferência é feita na escola em
que o aluno deseja frequentar. Contudo, este é um dado que poderemos sugerir
que a SED acrescente ao sistema no ato de seu pedido de transferência e que fique
visível tanto para a escola de destino como para a escola de origem do aluno.
c)
“Quanto à 1ª série do Ensino Médio, percebemos
que muitos alunos mudaram de escola por causa do período, já que em nossa
escola não há essa série no período noturno; algo que poderia ser pensado para
o próximo ano letivo.”
Evidentemente esta é uma opinião dos
professores do período noturno que, infelizmente, teve a redução de 6 salas
neste ano. Corroborando o que foi apontado pelos professores, é bem possível
que alunos tenham mudado de escola e consequentemente de período por motivo de
trabalho. Contudo, a maior constatação veio no sentido contrário. Muitos alunos
da escola vizinha que só possui a primeira série do Ensino Médio no período
noturno, fizeram a opção pela nossa escola que tem esta série no período da
manhã. Dos nossos alunos dos nonos anos do ano passado poderíamos ter apenas 4
primeiras séries neste ano. Contudo, foram alocados para nossa escola, via SED,
mais 9 turmas, totalizando 13 turmas de primeiras séries no período da manhã.
Além do mais, pesquisa feita por Ong da comunidade apresentou dados que a
maioria absoluta dos alunos que estudam no período noturno, não possui qualquer
vínculo empregatício, e que se pudessem escolher, escolheriam o período diurno
para estudar. Este foi um motivo para esta Ong estar pleiteando junto à
Diretoria de Ensino Sul 1 a construção de uma escola exclusiva de Ensino Médio
em Paraisópolis. Há professores da nossa escola no período da manhã, contudo, que
gostariam de ter segundos e terceiros também pela manhã. Entretanto, isto fica
inviável por conta de uma grande demanda de alunos do Ensino Fundamental II,
que precisam ser alocados no período diurno, pois não poderiam estudar à noite
em função da idade. Foi isto que garantiu que neste ano, o período diurno
estivesse com todas as 18 salas de aula com alunos alocados.
d)
“Além disso notamos que há a falta de
perspectiva dos estudos como melhoria de vida.”
Esta constatação da falta de perspectiva
dos estudos, que constitui um motivo externo, também foi levantada e apreciada
na nossa reunião do MMR, onde estavam presentes a supervisora, o diretor, o
coordenador José Adriano, alunos do Grêmio Estudantil, alunos do Conselho de
Escola, pais e professores (português e matemática). Para dar uma resposta a
esta falta de perspectiva, foram elencadas algumas ações para serem
desenvolvidas neste ano em nossa escola, que estão afixadas no mural “gestão em
foco”, próximo à entrada da sala dos professores. Uma das ações é de autoria do
Grêmio estudantil que quer promover sarau literário para incentivar os alunos a
gostarem do aprendizado. Os alunos do Grêmio estão compartilhando suas ideias no
que diz respeito à realização do sarau nos atpcs dos professores para agregar a
contribuição do corpo docente nesta ação.
e)
“O rendimento dos alunos está intrinsecamente
ligado ao hábito do estudo, algo que poderia ser ensinado a partir do 6º ano, em
reuniões com os pais e alunos.”
Com certeza este é um fato. O hábito de
estudo é tudo para o processo de aprendizagem. A ideia de se criar hábitos de
estudos a partir do sexto ano é bárbara. Precisamos buscar os caminhos para implementar
esta idéia.
f)
“Alguns alunos vem de outras redes em que o
conteúdo dado está aquém do solicitado em avaliações.”
Embora os alunos venham de outras redes com
domínio de conteúdos que estão aquém de nossas avaliações, as nossas avaliações
estão pautadas naquilo que realmente foi ministrado aos alunos no bimestre.
Neste caso, precisamos descobrir porque o que ensinamos não transformou-se
ainda em aprendizado. A partir daí traçar estratégias de recuperação destes
alunos.
g)
“O adolescente, muitas vezes, precisa começar a
trabalhar. O aluno do primeiro ano do ensino médio precisa mudar de escola para
poder trabalhar de dia e estudar de noite. O inverso ocorre com alunos dos
segundos e terceiros anos que estudam pela noite e precisam trabalhar no mesmo
período, logo estes jovens mudam de escola ou desistem de estudar”
Podemos pensar numa maneira de garantir uma
primeira série no período noturno para caso de alunos que comprovadamente trabalham
durante o dia. O oposto fica mais difícil uma vez que a maior demanda que temos
é de alunos do Ensino Fundamental, sem idade para frequentar o período noturno.
h)
“Tornar a aula mais atrativa para o aluno,
trazendo a realidade do mesmo para mais próximo. Em ralação as aulas vagas,
pensar em algo para que eles se ocupem com atividades construtivas.”
Sem dúvida esta é uma brilhante sugestão.
Quanto mais nos aproximamos da realidade do aluno, mais teremos condições de
resgatá-lo da realidade do conhecimento de senso comum para a realidade
acadêmica, do conhecimento científico. Para os alunos que não querem ter o
domínio do conhecimento científico e acadêmico, o mínimo que podemos desejar é
que tenham o domínio dos princípios básicos de cidadania, ou seja, que sejam
sujeitos conhecedores de seus direitos, com capacidade de cobrá-los, e também
dos seus deveres, com disposição para cumpri-los .
Diante destes diagnósticos e sugestões do nosso corpo docente onde podemos identificar fatores internos e externos que contribuem para o alto índice de transferência de nossos alunos nas séries em que a maioria vem de outras escolas, constatamos que os fatores externos fogem ao nosso controle, mas aquilo que está no nosso domínio podemos e devemos envidar todos os esforços que forem possíveis para mudar esta realidade. Construir uma boa imagem de uma instituição é um processo lento e gradual. Há muito de bom em nossa escola que podemos deixar transparente à comunidade para que a imagem da nossa escola melhore cada vez mais. Em contrapartida, o que for de nosso domínio no sentido de melhorar a aprendizagem de nossos alunos podemos e devemos fazer. Se conseguimos identificar o onde estamos e temos clareza de onde queremos chegar, é só alinhar as ações na mesma direção que atingiremos nossos objetivos e propósitos. Remar na mesma direção é preciso.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluir