O meu diário informal
enquanto docente: a experiência com Rubiano
Bitencourt Monge
“É preciso ler, dizia Sêneca, mas é preciso escrever
também.”
Michel Foucault
Este texto está fundamentado
em meu diário, nele, contém experiências da minha vida privada relacionadas
intrinsecamente a minha formação enquanto mestrando e professor do ensino
básico. Comecei a construir esse diário durante à disciplina, Laboratório do
Ensino de Filosofia: essa ocorreu no programa Prof-Filo da Pós-Graduação da
Universidade Federal do ABC, - UFABC. Aqui, iniciarei com um certo palavrear aquilo
que entendo superficialmente por experiência ou aquilo que pode ser
entendido como um experimento mundano, as vezes acredito que eu tenho
uma certa liberdade, mas eu não deixo em muitos momentos de ser uma peça no
tabuleiro da vida, todos nós somos. Então, delimitarei um ano de acontecimentos
que marcaram profundamente a minha vida, para com isso desenvolver algo do
âmbito de minha existência docente, de pessoa comum que vive a experiência com
Rubiano.
Em 2017 soubemos na
escola o caso de um garoto que morava em Paraisópolis e que tinha 21 anos,
Rubiano. Ele contraiu uma infecção hospitalar no seu nascimento, meningite.
Isso fez com que ele perdesse os movimentos das pernas e dos braços e que ocorreu
definitivamente na sua adolescência, aos treze anos. Nesse período de sua vida,
ele perdeu os movimentos dos braços e das pernas totalmente. Hoje, ele está
acamado totalmente e respira com o auxílio de aparelhos. A mãe dele, Francisca,
é uma senhora separada que teve dez filhos, o Rubiano é o mais novo deles. Ela
cuida dele integralmente, de todos os jeitos que podemos pensar. Além de cuidar
das necessidades físicas, ela buscou durante anos na justiça o que todas as
crianças e adolescentes têm por direito, isto é, o acesso à educação básica.
Ela entrou na justiça para que seu filho tivesse aulas domiciliares e o Estado
teve que atendê-la, é lei o acesso à educação. Conseguiram com muito esforço o
direito de cursar o ensino médio na rede pública estadual, assim, ela o matriculou
em nossa escola, Prof. Etelvina de Góes de Marcucci.
Para atender a demanda,
a Diretoria de Ensino Sul 1 precisava de três professores da unidade para
lecionarem para o Rubiano em casa: um de ciências humanas, outro de ciências
exatas e outro de códigos e linguagens. Eu me candidatei para ensinar
filosofia, história, geografia e sociologia. É isso que faço desde junho do ano
passado, quer dizer, não exatamente em caixas separadas como é o formato da
escola, mas explicarei a seguir como faço, até porque não tenho formação nas
outras áreas que são além da filosofia. Então, sinceramente, eu abordo a
história e a sociologia pelo olhar filosófico, assim como o filósofo Gilles
Deleuze faz ao abordar as áreas da literatura, da psicanálise e do cinema, isto
é, ele faz isso pelo olhar da filosofia.
Quando comecei a
lecionar para o Rubiano em junho do ano passado, fiz uma pergunta: o que
ensinar para ele? Propus que trabalhássemos: no primeiro momento, o que é a
filosofia?; no segundo momento, trabalharíamos a obra do “O Banquete”, de Platão. E foi isso
que fizemos, depois de ter estudado as definições de filosofia por Pitágoras,
Descartes, Augusto Conte e Deleuze adentramos na obra “O Banquete”, começamos a
investigar os discursos de Fedro, Pausânias, Erixímaco, Aristófanes, Agatão e
Sócrates. Nisso, foi inevitável não abordar nessa obra o machismo e a hebefilia
que haviam no discurso de Pausânias e na história que o jovem Alcebíades
descreveu para falar do amor, nessa obra é mostrado a hebefilia que existia
entre ele e Sócrates, porque ele era um garoto, enquanto Sócrates já era um
senhor. Não é questão de ser anacrônico quando abordo essa obra, vejo que as
pessoas sempre falam que fazer isso é ser anacrônico, mas é engraçado e muito
suspeito quando se fala de machismo, do racismo, da escravidão, da homofobia nós
nos tornamos anacrônicos, mas falar do amor, da liberdade e outros temas não
viramos anacrônicos, vejo isso como algo muito suspeito mesmo, e entendo o
porque disso, mas deixa isso para outro texto.
Esse discurso que diz
que o amor só há entre o homem velho e o homem jovem é machista por natureza. Segundo
Pausânias, não existe forma mais pura de amor além do universo masculino, algo
que alguns vão denominar como pederastia sendo sinônimo de amor: isso é de uma
violência que ainda há em nosso tempo contra adolescentes, é algo muito presente nas escolas públicas,
porque há muitos homens mais velhos que se interessam pelos adolescentes do
ensino básico, a cultura do estupro presente na escola, a busca pela tal da
“novinha” é algo medonho que se faz presente no espaço escolar. De uma forma
diferente do discurso de Pausânias, mas bem próxima dele, isso é justificado
através dessa fala como o único amor verdadeiro que há, ver isso presente numa
das obras mais importantes da filosofia foi impactante para mim,
Por exemplo, há muitos homens
da minha idade e até mais velhos que ficam esperando as meninas do Ensino Médio
e até do Ensino Fundamental na saída da escola, nisso eles buscam assediar
essas adolescentes, além disso, é muito comum casos de professores que saem com
os adolescentes. Vejo profundamente que temos que zelar pela integridade
física, moral e psíquica das nossas crianças e adolescentes e não aproveitar
delas como muitos canalhas fazem.
Quando abordei essas
questões de forma contextualizada, causou um choque e repulsa muito forte no
Rubiano, ele ficou perplexo com a definição de amor de Pausânias, mas ficou
ainda mais chocado com essa contextualização que fiz da obra o banquete. Para
falar verdade, achei que ele gostaria da obra de alguma forma, mas a discussão
sobre o amor, não o incentivou a querer saber mais, nem o discurso de
Aristófanes, “O Mito de Andrógino” não o instigou, geralmente instiga os alunos
e alunas.
Dos seis discursos o
que ele mais gostou foi do Erixímaco, esse dizia sobre o Eros sadio feito pela
moderação, de um elemento que promove a harmonia dos contrários, o restante não
chamou muita atenção dele, nem Aristófanes e tampouco Sócrates.
Depois que terminamos
de explorar a obra que durou o terceiro bimestre inteiro, fomos trabalhar as
teorias do Estado segundo Platão, Aristóteles, Maquiavel, Thomas Hobbes,
Rousseau, Marx, isso aconteceu no quarto bimestre. Essa parte ele gostou mais
do que a obra do Banquete, não esperava que o Rubiano fosse gostar de política.
Desses filósofos os que
mais chamaram a sua atenção foram Aristóteles, Maquiavel e Marx. Ele não gostou
dos dois primeiros que citei, há quem diga que eu influenciei de alguma forma,
mas ele não gostou mesmo do pensamento aristotélico e maquiavélico, acredito
que não foi por causa da minha explicação que fiz em cima dos textos, mas sim
pelo conjunto de coisas que fizemos para explorar os pensamentos desses
autores, usei vídeo aulas que vimos de
professores de filosofia e sociologia no Youtube. Enfim, foi um semestre
inteiro estudando esses autores clássicos na perspectiva da própria filosofia,
mas da sociologia e da história também. O semestre acabou e ele gostou de ter
estudado as ciências humanas na perspectiva da filosofia, mais do que imaginei,
nisso, nem estudamos história, sociologia, geografia separadamente, mas num
conjunto, das ciências interligadas nas temáticas ou analíticas que interessam
ambas as áreas do conhecimento.
Em 2018 comecei o
mestrado, a minha esposa estava gravida, eu comecei a escrever no meu diário e
colocar as impressões que tive no ano passado. Queria memorizar essas
experiências com o Rubiano, achava que isso não poderia se perder, foi no
mestrado que achei uma ferramenta importante para memorizar esse momento
importante da minha carreira como docente, o meu diário, ele serviu como base
para arquivar pelas palavras escritas tudo que estou escrevendo aqui, isso é
fenomenal.
Eu percebi que não era
mais o mesmo professor, as sessões com meu orientador La Salvia me levaram para
outro lugar, que buscava há tempos, consegui adentrar num universo novo para
mim, a filosofia desde África e não somente nela ou nessa filosofia
eurocêntrica que embasa o epistemicídio dos conhecimentos dos não brancos e
brancas. Pensei comigo, vou mudar as coisas, vou buscar novos autores para
trabalhar com o Rubiano e foi isso que fiz. No primeiro dia, falei com ele,
vamos trabalhar diferente esse ano, vamos abordar temas que são considerados
menores na filosofia, temas da filosofia desde África. Ele aceitou, disse que
gostaria sim de conhecer esses autores da filosofia africana.
Então, começamos a
estudar a visão do Renato Nogueira sobre o tabu da filosofia que nos levou para
outros autores, isso foi algo que mexeu muito com ele. Ele ficou perplexo
quando falamos da visão do George James que dizia que os gregos tinham roubado dos
egípcios, isto é, a origem da filosofia não era grega, isso seria um legado
roubado.
O Rubiano ficou
inconformado comigo por ter trabalhado no primeiro ano do ensino médio a
filosofia a partir da Grécia e da Turquia, então no segundo ano mudamos e fomos
trabalhar a filosofia a partir dos egípcios. Algo que mexeu comigo também, eu
trabalhei a filosofia durante oito anos partindo da Grécia/Turquia para o nosso
tempo, agora estou mudando isso, ou seja, de vinte seis séculos que davam para
idade da filosofia, agora passei para quase cinquenta séculos de existência dela,
isso foi totalmente surpreendente para mim, principalmente para os alunos e
alunas que perceberam essa minha transição.
No primeiro semestre,
nós trabalhamos as três apostilas do PIBID (Programa Institucional de Bolsas
de Iniciação à Docência) desenvolvidas na Universidade Federal do
Mato Grosso, disponíveis na internet, além delas, estudamos a obra “Pele Negra,
Máscaras Brancas”, do Frantz Fanon. Ele adorou, foi uma experiência incrível
fazer esse percurso. Além dele,
aconteceu algo mais surpreendente em nossos encontros, o Rubiano sabe que eu
estudo fotografia, no ano passado enquanto dava aula para ele eu trabalhava
numa produtora e fazia curso de fotografia digital no Sesc Pompéia, além da
foto, eu também estudava programação de vídeos: Sony Vegas, Premiere e o After Effects. O Sony Vegas eu já tenho
domínio, tem três anos que o exploro, só faço as edições dos meus vídeos nele.
O Rubiano me pediu para baixar esse programa no computador
dele. Na hora que ele me falou, fiquei bem pensativo, mas não falei nada. Disse
que poderia fazer isso, mas perguntei, quem mexeria? Ele disse que o sobrinho
dele o ajudaria, mas para isso eu teria que dar aula de Sony Vegas para ele e
para com isso, ele ensinar o sobrinho dele a mexer no Vegas. Já era metade de
maio, eu ainda tinha oito encontros com ele, que somariam trinta e duas aulas.
Essas aulas eu trabalharia áreas mais voltadas para geografia, mas percebi que
ele tinha o direito de ter acesso a algo que eu poderia oferecer para ele, alguma
coisa que vinha dele também e não somente de mim. E como eu queria passar esses
conhecimentos para frente, decidi mudar as aulas de ciências humanas para aula
de edição de vídeo e programação, pelo menos por um tempo.
E foi isso que fiz, eu
instalei o programa no computador dele e comecei a explicar sobre as
ferramentas básicas do Vegas, exemplo, como criar na timeline pistas para o áudio
e para o vídeo, transferir vídeos para timeline, separar o vídeo do áudio, cortar, transições, efeitos, colocar textos e
imagens, editar o áudio, mudar vídeos de baixa qualidade para alta resoluções ou
no formato de HD, renderizar. Fizemos isso em doze aulas, três encontros, eu
não falei, mas cada encontro com Rubiano são quatro aulas de cinquenta minutos
cada, total de três horas e vinte minutos por dia, nós conseguimos fazer
bastante coisa nesse tempo.
Perguntei porque que
ele tinha esse interesse, ele disse que queria editar os vídeos porque há no
computador dele mais de oitocentos vídeos baixados de anime, e o problema é que
ele precisa de alguém para ajudar em alguns momentos, nesse caso, a mãe dele, que
cuida da casa e precisa dar assistência. O problema dos animes é que eles tem um áudio
baixo enquanto passa e de repente quando
começar a tocar as músicas da vinheta, elas ficam muito alto, insuportável, às
vezes não tem ninguém para baixar o volume e ele fica com um som alto no
ouvido, até chegar alguém, ele fica surdo momentaneamente com o barulho
insuportável do áudio. Além disso, quando ele baixa os vídeos, eles vêm em
baixa qualidade. Ele busca qualidade por direito, ver em HD é o mínimo, isto é,
ver de 720 p. para cima, e não em 240 p. que são baixa qualidade, esses vídeos são
ruins. Quando fui ver esse problema, percebi que era muito ruim mesmo, pois
imagina você ficar com um som alto no ouvido, sem poder fazer nada?
Percebi que precisava
achar outro recurso para ele poder controlar o computador, pensava comigo, será
que há algum comado de voz que a pessoa pode controlar no computador? Nós
sabíamos que tinha alguns programas que ele poderia mexer, usando a pupila dos
olhos, mas isso ele tinha tentado no passado e cansava muito, não se adaptou e
descartou. Precisávamos mesmo era de algo que fosse controlado pela voz.
Tivemos essa
iniciativa, pois de acordo com as orientações curriculares para classes
hospitalares e aulas domiciliares, ambas para alunos doentes e/ou especiais, a
obrigação da escola ultrapassa a abordagem do conteúdo obrigatório. O objetivo
maior é proporcionar qualidade de vida e expectativa para o futuro.
Então comecei a
pesquisa com ele, nisso, ficamos várias aulas pesquisando e baixando alguns
programas gratuitos da internet, mas nenhum era eficaz, tentamos a Cortana do
Windons, mas era muito ruim também. Até que encontramos um programa chamado
Jarvis, tipo o programa do Homem de Ferro que ele controla pela voz. Esse é um
programa desenvolvido por um brasileiro que mora em Santa Catarina, Daniel José,
em companhia com um português que mora na Suíça, Albio Martins.
Quando achamos esse
programa o Rubiano ficou ansioso demais, ele ficou muito feliz em saber que
poderia controlar o seu computador, foi uma felicidade que jamais esquecerei. O
nosso primeiro passo foi estudar o programa, ficamos algumas aulas vendo
tutorias no site do Youtube, isso consequentemente despertava ainda mais o
interesse dele. Lembrei de mim, quando ganhei o meu primeiro vídeo game, fiquei
tão feliz, mas o interesse dele era ainda maior, pois se tratava de sua
liberdade e não do lazer puro. Então, baixei o programa da versão do Jarvis
Free, mas era bem limitada, não fazia o que a versão do Jarvis Pro faz, e nos
tutorias eles mostravam o Jarvis Pro somente, tivemos que providenciar.
Percebi que precisávamos
comprar a versão Jarvis Pró. Então, conversei com o diretor da escola,
Wanderlino, sobre esse problema e o programa. Ele disse que a escola poderia
comprar. Gerei o boleto do programa e encaminhei para os gestores da escola,
eles pagaram e três dias depois o programa e a chave de segurança para
instalação do Jarvis Pro foram enviados para o e-mail do Rubiano, ele ficou tão
feliz como um ganhador de um prêmio alto, a liberdade é prêmio alto nesse
mundo. Não deveria, mas é.
Eu precisava instalar o
programa e não sabia, não era simples como instalar um aplicativo de celular ou
até de complexidades que são maiores, como os programas da Sony e da Adobe. O Jarvis Pró é um programa mais complexo, ele
precisa ser construído em cima da própria pessoa que controlará, ou seja, o
Rubiano para usar, terá que ter mais aulas, pessoas dispostas a erigir com ele
a formatação do programa no controle dele, investimentos do Estado. Chamei um
amigo que conhece bastante sobre programação e fomos num sábado fazer isso,
instalamos. Mas como disso, o programa vem cru, não sei se posso dizer assim, isto
é, é você que vai modelando através da criação de comandos, para isso, foi
outra dor de cabeça terrível, a felicidade do Rubiano foi diminuindo ao passo
que ele percebia a complexidade que estávamos enfrentando, isso foi causando angústia
em mim também, eu queria que ele pudesse controlar o computador dele, que
tivesse essa autonomia sobre o virtual, eu pensava, porque isso é tão difícil
num mundo cheio de tecnologias?
Ficamos horas tentando
modelar o programa para as necessidades dele, mas não funcionava. As vezes
funcionava uma coisa, mas outras vezes falhava. Pensava irritado, por que isso
não funciona? Não pode ser. Ficamos horas tentando fazer o programa se adequar,
mas nada. Durante quatro horas ficamos enroscados num programa pago e que
aparentava ser inútil. Percebi que deveria dar um tempo naquele dia e pensar
melhor no que fazer, pois estava atolado, na semana seguinte tinha os diários
para fechar e digitar as notas na Secretária Digital, tinha os conselhos, no
mestrado eu tinha trabalhos das três disciplinas para entregar, além delas,
tinha o projeto de mestrado, tinha vários textos e livros para ler, eu estava
literalmente ferrado, mas o desanimado com essa situação do Rubiano era mais
pesado, ver ele feliz e depois triste foi de matar. Então, naquele sábado,
disse para ele que buscaria ajuda diretamente com os criadores do programa. Foi
o que fiz, mandei um e-mail para o Daniel José e ele me respondeu rapidamente,
dizendo para marcamos um tutorial pelo Skype no dia 22 de junho, às 16 horas.
Nesse dia fui para casa
do Rubiano, lá entramos em contado com o Daniel pelo Skype, nos apresentamos,
eu falei para ele toda situação, ele conversou com Rubiano. O Daniel pediu para
compartilharmos a tela do computador do Rubiano com ele, que dessa forma ele
configuraria o computador para o Jarvis poder trabalhar da melhor forma. E foi
isso que ele fez, ele começou a configurar um monte de coisas me usando para manusear
o notebook do Rubiano, várias ponto de configurações para Jarvis funciona que
eu não entendia e nem saberia fazer, não era minha especialidade mesmo aquele
ramo, eu entrei de paraquedas em algo que não tinha a menor noção, fui um
aventureiro. Para fazer tudo que precisava, precisava de um programador bom. O
Daniel tinha visão da tela do computador, ele dizia o que fazer e eu ia seguindo
o comando dele, ficamos cinco horas para ele configurar do melhor jeito o
computador que estava cheio de problemas. Tenho que confessar que o atendimento
dele foi excelente, pois deu para perceber que ele ficou sensibilizado com necessidades
do Rubiano. Mas mesmo ele, sofreu bastante para configurar da forma que Jarvis
pudesse trabalhar. Enfim, no final ele fez várias coisas que ajudou muito, não
ficou perfeito como esperávamos, mas foi um grande passo para o Rubiano ter
acesso ao meio digital sem precisar de alguém, claro que ele não controlará o
Sony Vegas como ele quer ou programas mais complexos, mas hoje ele pode
diminuir e aumentar volume, acessar os vídeos dele, entrar na internet pelo
comando de voz sem precisar diretamente da mãe dele. A felicidade dele foi
imensa, jamais esquecerei desse momento, hoje eu não sei como ele está diante
do programa, pois saímos de férias e aquele foi o nosso último encontro do
semestre, voltarei a ter encontro com ele no próximo semestre e a nossa
história continuará de um jeito que eu nem imagino.
Nas férias de julho eu
fui para São Carlos, lá conheci Renato Mecca. Em 2013 ele sofreu um acidente na
Indonésia e ficou tetraplégico. Hoje, ele tenta superar a cada dia essa
situação que deixou imobilizado, para não ficar nessa situação ele começou a
desenvolver alguns dispositivos para o ajudar no cotidiano, principalmente no
acesso à tecnologia, nisso, ele desenvolveu um dispositivo chamado Free Touch
que serve para mexer em celulares e tabletes sem as mãos. Falei com ele sobre a
história do Rubiano e o seu interesse de encontrar alguma forma para ter acesso
digital com autonomia. Então, o Renato decidiu presenteá-lo com esse
dispositivo. Agora, levarei para ele no segundo semestre para com isso, ele
tentar uma nova ferramenta para ter uma inclusão maior no acesso à
tecnologia.
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